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domingo, 15 de maio de 2022

Autoridade e Autonomia

 


Como humanidade, temos visto um crescente clamor por liderança. Seja no âmbito político internacional, seja no âmbito nacional, o fato é que faltam líderes com credibilidade. Por exemplo, em seu aclamado livro Sapiens, uma breve história da Humanidade, o professor israelense de história Yuval Harari faz a seguinte afirmação: 

Nos últimos anos, políticos irresponsáveis solaparam deliberadamente a confiança na ciência, nas instituições e na cooperação internacional. Como resultado, enfrentamos a crise atual sem líderes que possam inspirar, organizar e financiar uma resposta global coordenada.[1]

Eu tendo a concordar, muito embora minha esperança não esteja no surgimento de um líder humano. Segundo a Palavra, esse clamor por um líder humano é mais uma plataforma sendo preparada para o anticristo. Minha esperança está em Jesus Cristo retornando e inaugurando o reino milenar. Ao mesmo tempo, o fato de que temos uma profunda falta de liderança é um fato inegável. O que é curioso é que esta falta de liderança é um fruto direto de nossa condição humana.

Como cristãos, cremos que o evento da Queda, relatado em Gênesis 3, distorceu a própria natureza humana, separando-nos de nosso Criador. Ao olharmos com cuidado, a essência do pecado foi exatamente um desejo de rebelar-se contra a autoridade. Nos versos 4 e 5, lemos: “Então a serpente disse à mulher: ‘É certo que vocês não morrerão. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerem, os olhos de vocês se abrirão e, como Deus, vocês serão conhecedores do bem e do mal’”.

O fato de que temos uma profunda falta de liderança é um fato inegável. O que é curioso é que esta falta de liderança é um fruto direto de nossa condição humana.

O argumento é claro: (1) a serpente negou a autoridade de Deus, (2) depois questionou a honestidade de Deus e, por fim, (3) afirmou que você pode decidir o certo e o errado, você pode ser como ele. Você percebe como esses argumentos estão na raiz de todo pecado? Primeiro duvidamos de Deus, depois negamos sua autoridade e por fim afirmamos que nós mesmos vamos determinar nossa vida.

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O problema é que temos então bilhões de pessoas tentando determinar o que é certo para si e, indiretamente, o que é certo para os outros. Mas sem um referencial absoluto, justo e bom, ficamos à mercê uns dos outros. Nesse jogo de quem determina o certo para quem, vence sempre o mais forte. Conta-se a história de que, antes da segunda guerra, quando o ministro do exterior francês tentou convencer Stalin a assinar um tratado de não agressão, ele afirmou que esse tratado seria muito bem-visto pelo então Papa Pio XII. Ao que Stalin perguntou: “Ah, o Papa! E quantas divisões militares ele tem?”. O mesmo raciocínio tem sido seguido em praticamente todos os conflitos militares na história da humanidade. Quando temos de decidir entre o certo e o errado, quem é mais forte decide a seu favor.

“Que todos estejam sujeitos às autoridades superiores. Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas.”

Nesse sentido, enquanto cristãos somos chamados a expressar nossa confiança em Deus, andando na contramão da humanidade. Ao invés de assumirmos a função de discernir entre o certo e o errado, somos chamados a nos submeter a Deus em primeiro lugar e às autoridades em decorrência dessa submissão. Acompanhe o raciocínio de Paulo em Romanos 13.1: “Que todos estejam sujeitos às autoridades superiores. Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas”. 

Somos chamados a nos submetermos, não porque a autoridade é boa e justa, mas porque Deus é quem estabeleceu toda autoridade. Isso não significa concordar com uma autoridade injusta, ou ímpia. Mas significa que, em tudo que não contraria a explícita autoridade de Deus, nós devemos nos submeter. Destaco a explícita vontade de Deus pois vejo cristãos dando-se o direito à insubmissão quando discordam de planos ou políticas públicas. A questão não é se gostamos, concordamos ou mesmo temos a mesma perspectiva política, mas se a autoridade está me ordenando a desobedecer a Deus diretamente. É bom destacar também que Paulo estava escrevendo enquanto debaixo do governo do imperador Nero, um dos governantes mais corruptos, cruéis e desumanos em uma longa lista de imperadores cruéis.

Minha oração é que eu e você possamos descansar no fato de que, apesar da falta de líderes dignos, do aparente caos e das estratégias destrutivas do usurpador (Satanás), nós esperamos um líder justo, poderoso e bondoso. Maranata, vem Senhor Jesus!

 

Nota

  1. Hamilton Varela, “O custo da falta de lideranças”, Gazeta do Povo, 25. mar. 2021. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/o-custo-da-falta-de-liderancas/.

  2. Fonte: Chamada

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