Escrever sobre os dons, é tratar de um tema que envolve toda a comunidade cristã, já que, toda a pessoa salva possui pelo menos um dom, no entanto, de acordo com pesquisas do Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja, com sede na Alemanha, 80% dos cristãos não sabem qual é o seu dom[1]. Essa situação é alarmante, pois os dons são armas espirituais à disposição dos que hão de herdar a vida eterna.
Sendo assim, cada cristão é um membro do corpo místico de Cristo na Terra, por isso deve procurar entender e buscar os dons que foram outorgados pelo Espírito Santo. O pastor Purkiser, da Igreja do Nazareno, tratando do tema, é enfático:
“Toda a verdadeira função do corpo de Cristo tem um membro capaz de executá-la, e cada membro tem uma função a executar”[2].
Paradoxalmente, muitos crentes passam anos na igreja sendo imparciais diante desse assunto, ignorando-o e gerando falta de conhecimento bíblico: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1). Todos nós fomos chamados por Deus para desempenhar uma função no Reino e precisamos ser equipados com os dons necessários para o serviço cristão.
O que são os dons?
No original grego a palavra Dom é “Charisma” que significa presente, manifestações do Espírito, oferecidos mediante a graça divina por parte de Deus como sendo o doador dos Dons. De acordo com o pastor Russel N.Champlim em sua enciclopédia. “Charisma indica os dons do Espírito, as suas graças, gratuitamente conferidas, para a obra do ministério (I Co 12:4, 9, 28, 30,31). Além disso, enfoca também o dom da graça, que nos traz a salvação’’[3].
Três Classes de Dons
Com esses Dons engrandecemos o reino de Deus, pois através de nossas vidas é manifesta a Glória de Deus; sendo concedidos mediante a graça de Deus.
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pe 4.10).
Graça etimologicamente falando significa Bondade Divina e na palavra podemos encontrar diversas maneiras de Deus expressar a sua graça:
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (I Co 12: 4-7).
Na Bíblia existem muitos dons, divididos em três classes, a saber: Os dons de serviço (Rm 12.6-8), os dons ministeriais (Ef 4:11), os dons do Espírito Santo (I Co 12:8-10) e outros dons encontrados em outros trechos da palavra, pois são manifestações da multiforme graça de Deus[4].
Cresce-se no Reino a partir do serviço
O homem é capacitado para o serviço cristão pelo Espírito Santo com dons e talentos (I Co 12:5; I Pe 4:10), que devem ser usados visando o serviço do Reino. Um talento é uma habilidade humana e natural com a qual se nasce ou é adquirida e pode ocorrer nas áreas da: música, oratória, administração e outras. Já um Dom é um presente divino dado para ser usado no serviço Cristão.
Contudo muitos cristãos não desenvolvem seus dons, pois não valorizam seus talentos, outros ficam angustiados porque não sabem para que Deus os chamou, outros valorizam apenas os dons de poder e resumem os dons espirituais a Línguas, Interpretação Profecia e como não receberam estes carismas consideram-se como crentes sem dons, pois pensam que os seus dons mais interiorizados são apenas talentos naturais. Entretanto a exemplo de Jesus, devemos procurar servir, desenvolvendo nossas aptidões e assim fatalmente descobriremos em qual área da Diaconia o Senhor deseja nos usar.
Segundo o dicionário de Espiritualidade: “O papel do diácono é de ser um animador do serviço, da diaconia da igreja, nas comunidades cristãs locais, sinal e sinônimo do próprio Cristo Senhor, que não veio para ser servido, mas para servir[5]”. Pois quanto mais servimos, mais demonstramos nossa gratidão ao Senhor.
A importância do Fruto do Espírito como plataforma
Um dos mais importantes pontos doutrinários da obra de Deus é o fruto do Espírito, que são os atributos da pessoa de Cristo em nossa vida. Essa doutrina nos ensina o caminho para a humildade, que é a beleza da santidade. Sem o fruto do Espírito, passamos a desenvolver um cristianismo teórico, sem vida. Sendo assim, devemos sempre lembrar que o fruto do Espírito é a nossa atitude para com Deus, enquanto o derramamento dos dons consiste na atitude de Deus para com a Igreja. Sobre esse ensino, vale a máxima ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).
Sendo assim, quando crescemos no conhecimento de Deus, passamos a refletir o Fruto do Espírito que significa expressões do caráter de Cristo em nossas vidas, e assim também iremos crescer espiritualmente, pois o Senhor irá derramar os seus dons sobre as nossas vidas.
Portanto, a verdadeira espiritualidade se manifesta através da piedade e da disciplina que são marcas de uma vida que produz o fruto do espírito que se manifesta no amor (I Co 13.1) e assim, certamente, iremos contribuir com o corpo de Cristo e com a igreja local, por meio de nossos dons pessoais. Por fim, empreender uma busca sincera para ser cheio do Espírito Santo e receber os dons do alto é uma atitude correta; o apóstolo Paulo nos orienta desta forma: ” Enchei-vos do Espírito “ (Ef 5.18) ”.
[1] SCHWARZ, Cristian. As 3 cores dos seus dons. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2004.
[2] PURKISER, W.T. Os Dons do Espírito. Campinas: Casa Nazareno de Publicações.
[3] CHAMPLIM, Russel Norma. Enclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Editora Hagnos, 2006.
[4] MARTINS, Orlando. Um presente de Deus para você. São Paulo: Editora Candeia, 2014.
[5] Stefano de Fiores e Tulio Goffi. Dicionário de Espiritualidade. São Paulo: Editora Paulus, 1993.
[2] PURKISER, W.T. Os Dons do Espírito. Campinas: Casa Nazareno de Publicações.
[3] CHAMPLIM, Russel Norma. Enclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Editora Hagnos, 2006.
[4] MARTINS, Orlando. Um presente de Deus para você. São Paulo: Editora Candeia, 2014.
[5] Stefano de Fiores e Tulio Goffi. Dicionário de Espiritualidade. São Paulo: Editora Paulus, 1993.